O LUTO NÃO AUTRIZADO : Mulheres que perderam seus filhos durante a gestação.
- Cassia V. Schoenwetter Mendes Braga - Psicóloga CRP 06/69992
- 21 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de nov. de 2024
O luto é um processo doloroso, que pode causar nas pessoas sentimentos complexos, como uma profunda tristeza, dor, negação, raiva, sensação de vazio e até mesmo, de culpa, após a perda de algo (como por exemplo, trabalho, um emprego, uma casa, mudança de cidade, entre outras coisas importantes) ou de alguém importante e significativa na vida da pessoa. Este processo é individual e necessário, podendo levar semanas, meses e em alguns casos, até mesmo anos, quando mal elaborado, como é o caso das pessoas que passam pelo luto não autorizado, o que pode levar anos e requerer ajuda profissional (como de psicólogos e às vezes, intervenção medicamentosa após avaliação médica, psiquiátrica, em alguns casos.
Você deve estar se perguntando: "Afinal! O que é o luto não autorizado?"
O luto não autorizado é um tipo de luto que não é reconhecido pela sociedade, ou seja, não são legitimados os sentimentos de perda, de dor desta pessoa, neste caso, que sofreu e passou por um aborto espontâneo, tentando diminuir, minimizar e até mesmo, invalidar a dor desta perda. Desta forma, a pessoa se sente na maioria das vezes, envergonhada, não acolhida, levando na maioria dos casos, a pessoa querer se isolar, evitando falar sobre o ocorrido, dificultando a elaboração do luto.
Sabemos que a elaboração do luto, a superação desta perda, envolvem várias estratégias, como por exemplo. se expressar, falar, colocar os sentimentos "para fora", se expressando, para poder entender, elabora e aceitar esta perda. Isso se torna extremamente importante, pois a não elaboração desta perda, ou seja, o luto "não resolvido", podem provocar impactos negativos para saúde física e mental desta pessoa, como por exemplo: Ansiedade; Depressão; Problemas de sono e/ou alimentação; Transtornos de estresse pós-traumático; Problemas de relacionamentos; entre outros.
Essa mulher, esta mãe que passou por um aborto espontâneo, sofre muitas vezes sozinha, calada e se isola pela perda do seu filho(a), do seu bebê, pois infelizmente, a sociedade, na maioria das vezes banalizam essa dor, este sentimento, falando "como você pode sentir tanto por um bebê que não nasceu?", outras falam que "o bebê não chegou a nascer, existir", muitas delas relatam vários tipos de fala, que chegam a ser até, uma uma agressão psicológica, que só fazem aumentar a dor dessa mãe, que passou pelo processo de gravidez, sentindo as mudanças e alterações em seu corpo, por enjoos, sintomas da gravidez e em alguns casos, até sentiam seu bebê se mexendo dentro do seu ventre. Para essa mãe, seu bebê era real, existia e ela o sentia e o amava, mas para o resto das pessoas, da sociedade, aquele bebê era só a espera de alguém, que eles só conheceriam ao nascer.
Precisamos acolher, escutar e ajudar essa mãe, que muitas vezes não tem a permissão social para falar, sentir e elaborar esta perda, este luto pelo seu bebê. Para ajudar uma pessoa enlutada, é preciso empatia, compreensão pelos sentimentos dela, que muitas das vezes são confusos e diversos, além de oferecer um suporte, apoiando e a escutando atentamente.
Existem algumas dicas que podem ajudar VOCÊ que está próximo ou conhece alguém passando pelo processo de luto, a tornar este momento mais fácil e leve:
1) Reconhecer a dor do outro, não minimizando o que a pessoa está sentindo;
2) "Escutar" o que a pessoa deseja fazer (se quer companhia ou não, se quer e prefere ficar um pouco sozinha);
3) Ajudar nas tarefas diárias de casa, do dia à dia;
4) Respeitar o tempo da pessoa que está passando pelo processo de luto;
5) Incentivar a pessoa a continuar com o auto cuidado;
6) Reforçar e mostrar a importância de ter suporte profissional.
Se você já passou, está passando ou conhece alguém que está passando por uma perda, um processo de luto, saiba que o apoio profissional é importante e fundamental neste momento. O psicólogo é um profissional habilitado, que vai te oferecer uma escuta segura, um ambiente acolhedor e que vai te ouvir e ajudar a passar por este processo desafiador e doloroso.
Portanto, busque ajuda profissional, para ajudá-lo a enfrentar este momento.
Essa matéria me ajudou muito.